domingo, 9 de dezembro de 2012

Máscaras


O homem com a máscara brincando
Até chegar a hora em que o seu rosto
Partilhva com ela uma só vida.
Já em miúdo a história me punha indisposto

Negava-me a aceitar. Quando crescesse
Ia mostrar que outra maneira havia.
Que cada máscara, sem dor ou risco.
Como um capuz a tirar-se podia.

Fiz disso muito tempo um firme credo,
Escondi confiante a minha natureza.
Extinto o fulgor do jogo que eu fazia.
Teria ela a original pureza?

Hoje sou velho, só para admitir:
A história é real. A máscara agarrou-se.
É como habituares-te ao inferno.
É como se olha  vazio para o que quer que fosse.


(Gerrit Komrij)